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AS UVAS DA MINHA FELICIDADE

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              Sinto-me a flutuar. A voar tranquilamente sobre o topo de vales encantados. A respirar a emoção que tira o ar dos pulmões. Quase que rasgo os lábios num sorriso extremo que não consigo controlar. A experiência de um dia novo. A adrenalina do término da aventura. A noção de sucesso que corre pelas veias. A vontade de pular e levitar nesta aura cor-de-rosa. Quem me dera sentir o presente momento para sempre. Dizem que as memórias são feitas de vivências especiais que nunca se perdem, ficando pendentes na nossa mente para a eternidade. Será que o que vivi se irá tornar numa memória que dure até ao final dos meus dias? Será que acabei de experimentar aquilo que se tornará uma das minhas mais fortes memórias? Estico os braços e sinto um ligeiro formigueiro frio arrepiar-me a pele. As nuvens fazem cócegas! Fecho os olhos quando os raios quentes do sol radioso me tocam na face. Subitamente, caído do céu, abate-se um cansaço tórrido sobre os meus ombros. Um cansaço tranquilo. Um cansaço caloroso. Aninho-me nas mantas e, atrás dos olhos fechados, correm imagens soltas da memória sólida que já se está a formar dentro de mim. Aquilo que constrói o que vou recordar mais tarde está, neste momento, no molde e o gesso quase seco. Enrolada neste dia dourado deixo-me levar pelo quase adormecer que me sussurra repetidamente, num tom quase carinhoso: Hoje apertaste as beiças de um tigre. É neste recordar fresco dado pelos meus cinco sentidos que me despeço do dia de hoje e me preparo para o amanhã.

26/03/2016

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