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MISTY

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Misty  04/06/2000 - 27/04/2021. Sempre com amor.

                 Não te vi nascer. Mas vi-te crescer, vi-te a dormir, a comer, a miar, a procurar intensamente o carinho da família que te apadrinhou. Vi-te diariamente aos meus pés e no meu colo. Os anos passaram e comecei apenas a ver-te de vez em quando, em fins de semana de paz. Foi então que te vi a envelhecer, a pouco e pouco. E agora… agora… agora vi-te partir. Enquanto adormecias para o derradeiro sono eterno, vieram-me à memória os teus primeiros momentos comigo. Estavas tão assustada. Parecias um pequenino rato preto. Enfezada, magricela, uma sobrevivente. Os gatos mais velhos não te deixavam comer e a comida que te deram fez-te uma gastroenterite medonha. No entanto, ainda vivias, agarrada a todas as improbabilidades. Uma autêntica sobrevivente, com orelhas enormes; parecias um pequeno morceguinho. A primeira coisa que fizeste no colo do meu pai foi arranhar-lhe o lábio, de tão amedrontada que estavas. Amei-te desde o início. Fechei-me contigo num quarto durante 24 horas. Aos poucos foste perdendo o medo. Comias vorazmente, com as bochechas cheias de ração enquanto olhavas em teu redor, à espera dos predadores que desapareceram da tua vida assim que te acolhemos. Nas pausas das refeições, deitavas-te a meu lado, a ronronar. Sempre ronronaste imenso. Foste a gatinha mais meiga que alguma vez conheci. Tinhas a engraçada peculiaridade de responder pelo nome quanto te chamavam. Assim foi, até perderes a audição. Quando nos vias, saltavas para o nosso colo e exigias atenção. Assim foi, até perderes a visão. Foste carinhosamente definhando. Nunca foste particularmente inteligente. Mas eras amada, por toda a família. Tal como toda a bicharada que me acompanhou desde criança, ajudaste-me a escolher a carreira. Ao aprender como cuidar de animais, consegui dar-te apoio médico quando precisaste. Incluindo no derradeiro momento. Viveste quase 21 anos. Orgulho-me de ti pela tua força e de nós por te termos resgatado. A decisão de te deixar partir não foi fácil, mas tu ajudaste-nos a ver o momento exato. Ronronaste o máximo de tempo que conseguiste, até a última sedação surtir efeito. Obrigada por todos estes anos, minha velhota. Quando chegar a minha vez de voar, espero encontrar-te à chegada, só para te poder amarfanhar para a eternidade.

27/04/2021

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